domingo, 22 de dezembro de 2013

Confiança no cuidado de Deus: em família

Imagem: Family por Bruno, usada sob CC BY-NC-ND 2.0

Por volta das vinte e uma horas meu marido me buscou no serviço e fomos direto para casa dos meus pais. Ao chegamos, reunimo-nos todos em família para conversamos sobre a situação delicada que minha irmã se encontrava. Estavam todos presentes do núcleo familiar: pai, mãe, cunhado, marido e eu. Meu sobrinho estava dormindo. Minha mãe contou todos os fatos ocorridos naquela tarde e enfatizou a frase dos médicos ao fim da visita a minha irmã, pedindo que ela esperasse a notícia sobre a necessidade de realizar a cirurgia. Dependendo de como o corpo dela reagisse naquela noite, talvez fosse necessário realizar a cirurgia às pressas. Se o telefone tocasse, algo relacionado a isso poderia ser dado como notícia. Não era comum que os médicos falassem que talvez entrariam em contato, pois quando o período de visita era encerrado, os familiares só poderiam ter notícia de seu ente internado na UTI por meio do boletim médico das vinte e duas horas, contendo breve e curta análise periódica do paciente. Raramente o hospital ligava para casa do paciente para transmitir alguma notícia.
Como família, aquela notícia nos deixava apreensivos. Então, reunidos, nós sabíamos que tínhamos que continuar orando e confiando no Senhor apesar de tudo. Uma situação nada fácil. Por alguns momentos conversarmos sobre como seria se minha irmã inevitavelmente viesse a fazer essa cirurgia ou como seria se Deus a quisesse levar. Claro que um pouco de tudo passava pela cabeça, mas em nenhum momento nós perdíamos o foco, pois estávamos sempre conscientes que Deus estava no controle de tudo. Entregávamos o desejo do nosso coração ao Senhor, pois naquele momento nossa oração era para que o cérebro da minha irmã desinchasse, que em nenhum momento ela precisasse fazer a cirurgia e que, assim, seu corpo fosse restaurado, completando a cura. Nosso grande desejo era que o Senhor fizesse o melhor segundo Sua vontade, e era para isso que intercedíamos.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Confiança no cuidado de Deus: reflexiva

Fonte: Reflectivo por jenlen, usada sob CC BY-NC-ND 2.0

No dia 2 de maio, enquanto minha mãe estava no hospital, eu estava no trabalho e aguardava ansiosa por notícias da minha irmã. Por volta das 19h eu estava voltando do meu horário de intervalo na biblioteca universitária onde trabalho quando encontrei o pastor que é cunhado do meu cunhado e sua esposa. Ela é aluna da universidade e tinha ido devolver alguns livros na biblioteca. Ela é a mesma que acompanhou minha irmã na ambulância no dia do acidente.
Ao nos encontrarmos, o pastor, acompanhado de sua esposa, amavelmente e calmamente contou-me que tinha ido aquela tarde ao hospital visitar minha irmã. Como ainda não havia conversado com minha mãe sobre como foi a visita daquele dia, o pastor me deixou a par dos acontecidos presenciados em sua visita. Então, ele me disse que durante sua visita a minha irmã, a equipe médica entrou no quarto da UTI para examiná-la e os médicos deram ênfase do caso dela ser delicado e que mesmo ela tendo apresentado boas reações, não significava uma melhora. O quadro dela continuava a inspirar muito cuidado e devíamos orar muito a Deus.
Conversamos um pouco a respeito de tudo que estava acontecendo naqueles últimos dias em nossas vidas.  Como família, nós estávamos vivendo momentos bem delicados, pois o pastor tinha a poucos dias voltado do enterro de seu pai. A sogra da minha irmã estava se recuperando da cirurgia de três pontes de safena pós-infarto e naquele momento analisamos o caso de tudo que aconteceu com minha irmã. Contei sobre o medo que tinha de perdê-la e algo que rondava meus pensamentos: o sentimento estranho de nunca na vida ter passado por situações tão difíceis, como a de alguém muito próximo ter morrido, ter uma doença grave ou uma situação como aquela que vivenciávamos. Após esse diálogo agradeci a ele por ter me dado notícias respeito da minha irmã e disse que sabíamos que deveríamos perseverar na oração.  Despedimo-nos e voltei ao trabalho.
Eu deveria sair do trabalho somente às 22h, mas naquele dia somente meu corpo estava presente. Minha mente volta e meia percorria os pensamentos sobre minha irmã. Conversei com uma de minhas colegas de trabalho sobre a situação delicada que ela se encontrava no hospital e vi o quanto eu estava frágil. Achamos por bem que eu fosse embora, não conseguiria mais trabalhar adequadamente naquele dia. Liguei para meu marido me buscar, logo em seguida liguei pra minha mãe e falei que sairia mais cedo e passaria em sua casa. Ela disse que eu fazia bem, que precisávamos conversar em família.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Confiança no cuidado de Deus: o toque

No momento que minha mãe ficou sozinha com minha irmã no quarto da UTI ela começou a refletir sobre a devocional que fez pela manhã no texto de João (9.1-7). Se Deus havia curado um cego de nascença para que se manifestassem nele as obras de Deus, da mesma forma Deus poderia usar a vida da minha irmã como instrumento vivo para que se manifestasse nela a glória de Deus.
Junto com a nossa família todos os irmãos da igreja estavam buscando a Deus em favor dela e acreditávamos que o milagre poderia ser feito. Então, minha mãe se curvou diante do nosso Deus Grandioso e clamou pela sua misericórdia e bondade, visto que Ele era o único que poderia operar o milagre sobre a vida da minha irmã. Em sua oração minha mãe pediu que o SENHOR desinchasse o seu cérebro e que se fosse essa sua vontade, que não a levasse. Ela pedia isso pensado em meu sobrinho, em como ele ficaria sem a sua mãe e na importância que a mãe tem em todos os aspectos e fases da vida. Se mãe é insubstituível, ela faria falta em seu desenvolvimento e formação como pessoa.
Durante a oração, com os olhos fechados, minha mãe sentiu minha irmã pegando no seu braço com a mão esquerda, a mão que não sofreu perda motora, ao perceber essa reação da minha irmã, minha mãe abriu os olhos e viu minha irmã balbuciando algo. Em seguida ela aquietou-se e voltou a dormir da mesma forma que estava antes.
Naquele instante, com o coração perplexo pelo que acabara de acontecer, minha mãe voltou a orar, vivenciando uma experiência inigualável, de forma que com o seu corpo tremendo ela sentiu que Deus estava respondendo as orações. Foi um momento único.
Minha mãe já estava no quarto da UTI há cerca de uma hora. Então chegou um dos pastores, cunhado do meu cunhado, e depois novamente a equipe médica para examinar o estado clínico da minha irmã. Iniciaram os mesmos procedimentos de antes, ao tocar na sola dos pés sentiram movimento diferente do anterior. Quando foi observar as pupilas, começaram conversar entre eles. Curiosa e um pouco ansiosa, minha mãe perguntou o que estava acontecendo. Um dos médicos então respondeu que a reação apresentada pelo corpo da minha irmã era um bom sinal. Minha mãe sentiu mais aliviada e mais confiante no SENHOR. Perguntou se poderia ficar no quarto da UTI mais algum tempo e responderam que sim.
O tempo limite de visitas na UTI é de somente vinte minutos e a equipe médica não permite os visitantes ficar muito mais tempo que isso. No entanto, nesse dia os médicos deixaram minha mãe ficar dentro da UTI cerca de duas horas acompanhando minha irmã. A impressão que ela teve é que o corpo médico a deixaram ficar mais tempo como forma de despedir da minha irmã, reafirmando que o caso dela inspirava muito cuidado, sendo esse o dia mais crítico. Contrariando esse sentimento, porém, minha mãe foi para casa completamente confiante no agir de Deus.

REFERÊNCIAS

João. Português. A BÍBLIA Sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida. 2. ed. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Confiança no cuidado de Deus: esperada visita

Logo após o encontro com a irmã da igreja, minha mãe renovou suas forças e entrou para a visita. Ao entrar no quarto de UTI, olhou para minha irmã e viu que ela estava num sono profundo. Chamou-a pelo seu nome, tocou-a suavemente, mas não houve nenhuma reação de sua parte, nenhuma resposta a sua interação. Logo chegou a equipe médica. Nesse momento meu cunhado não estava mais acompanhando minha mãe, pois teve que ficar com meu sobrinho do lado de fora da UTI. Crianças não tem permissão para entrar na UTI e o pequeno estava muito abalado e sensível com toda essa situação.
Portanto a equipe médica conversou somente com minha mãe. Eles voltaram mais uma vez a afirmar que o estado dela era muito grave pelo fato da lesão ter atingido uma grande parte do cérebro do lado esquerdo, que estava ainda muito inchado. A solução encontrada era uma intervenção cirúrgica, o que também era muito ariscado. Pela terceira vez ouvimos esse tipo de afirmação por parte da equipe médica. Em todas as oportunidades eles eram incisivos e diretos tentando alertar-nos e deixar claro o quanto a situação era delicada.
Pelo olhar da equipe médica minha mãe entendia como se eles quisessem transmitir a mensagem de que já sentiam muito pela perda da minha irmã. Inclusive a psicóloga da UTI chegou a oferecer apoio psicológico, e deixou claro sua preocupação com meu sobrinho. Chegou a dizer havia um padre que em breve estaria ali e que se ela quisesse, poderia dar a bênção a minha irmã. Minha mãe agradeceu e falou que ela já estava bem amparada pelos nossos pastores.
Durante a visita a equipe médica examinou minha irmã e disseram que dentro de uma hora voltariam para examiná-la novamente. De hora em hora os médicos a examinavam: olhavam as pupilas, davam batidinhas nos joelhos, nas solas dos pés passavam um objeto para ver se reagia, mas ela não tinha reação positiva.
Com a saída de todos, minha mãe pode ficar a sós com minha irmã. Apesar de sua falta de reação, sua esperança seguia sempre viva.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Confiança no cuidado de Deus: conforto e esperança

O dia 2 de maio em minha perspectiva pode ser considerado o mais crítico de todo esse período e o que mais abalou nossas estruturas. Por mais que a família visse o corpo da minha irmã reagindo ao visitá-la na UTI, os médicos sempre frisavam que seu quadro era considerado grave e delicado, devendo-se ficar sob estrita observação, com sério risco de morte. Afinal, ela ainda corria risco de passar pela cirurgia causada do inchaço do cérebro.
As visitas na UTI ocorriam sempre às 16h com período de duração de 20 min., sendo que por dia somente poderia entrar duas pessoas. Então, nosso núcleo familiar revezava cada dia para que cada um tivesse a oportunidade de ver minha irmã. Além das duas visitas, minha irmã era visitada pelos pastores de nossa igreja, tio e dois cunhados do meu cunhado que também são pastores. Como é sabido, sacerdotes tem autorização para ingressar no hospital a qualquer hora do dia e da noite para ministrar assistência religiosa, desde que autorizado pelo visitado ou por sua família. 
No dia 2 de maio meu cunhado e minha mãe foram visitar minha irmã. Como nesse dia ainda não tinha tido a oportunidade de realizar a visita vou compartilhar a experiência que minha mãe vivenciou. Ela relatou que ao chegar à sala de espera do hospital, notou a presença de uma querida irmã da igreja. Ela é uma profissional muito ocupada, portanto minha mãe ficou surpresa por ela ter deixado todos os seus compromissos para estar ali a sua espera. Como minha mãe nesse dia estava bem abalada, essa irmã, ao ver minha mãe chegando, já foi logo ao seu encontro, abraçou-na tentando a confortar. Ela disse que estava ali para a consolar e dizer-na para que não chorasse e nunca desistir de sua filha, pois minha irmã até poderia estar desenganada pelos médicos, mas nada era impossível para Deus. Visto que, algum tempo atrás Deus tinha curado sua filha de uma enfermidade muito grave, que também a havia deixado por algum tempo internada na UTI, mas Deus havia ouvido sua oração e da igreja e sua filha foi curada. Ela aconselhou minha mãe a fazer da mesma forma que ela fez com sua filha, dizendo que quando entrasse na UTI, era para ela se debruçar sobre minha irmã, e clamar a Deus em seu favor, de forma que sua oração, juntamente com a de todos que tinham o conhecimento do caso dela e que estavam intercedendo a seu favor dela. Ela disse que esperava que assim Deus haveria de ouvir e responder conforme Sua vontade.
Mesmo sem muitas boas notícias por parte dos médicos, seguíamos apegados ao que Deus não deixava faltar em nossos corações: a esperança.


sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Confiança no cuidado de Deus: refrigério

Quando internada na UTI, o quadro que minha irmã encontrava-se era de sonolência, respiração estável e aguardávamos seu corpo reagir. Por poucos momentos ela ficava acordada. Inicialmente a ela somente foi administrado soro na veia, porém, por causa da sonolência e por ainda estar no início da reação ao trauma ela encontrava-se temporariamente sem poder deglutir os alimentos, por isso ligaram a ela uma sonda gástrica, além de um monitor de pressão.
Pela análise clínica o seu quadro era considerado grave, devendo-se ficar sob estrita observação, pois pelo trauma sofrido na parte esquerda do cérebro com comprometimento de 60% o cérebro estava sendo comprimido dentro do crânio por estar inchado e que lhe provocava a sonolência. Se a compressão não diminuísse, havia o risco de inchar mais e, nesse caso, teria que ser realizada uma cirurgia de emergência em que seu crânio teria que ser aberto.
Apesar da situação delicada em que se encontrava, dentro das primeiras 24h internada, ela começou a fazer os primeiros movimentos com o lado esquerdo do corpo, aquele que não sofreu comprometimento com acidente no cérebro. Ela ajeitou a coberta com a mão esquerda, mexia a perna esquerda e abria os olhos. Nos momentos em que abriu os olhos e alguém estava por perto ela já começava a ensaiar algumas interações. Mas os médicos sempre alertavam que apesar dela estar respondendo alguns estímulos seu quadro era muito grave e delicado, com sério risco de morte, situação que, segundo eles, "inspirava cuidado".
Naturalmente, essa situação abalava toda a família. Lembro-me que no dia 2 de maio, logo cedo, ao acessar a internet vi uma publicação da minha mãe do texto bíblico de João 9.1-7:

1 Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascença.
2 E os seus discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?
3 Respondeu Jesus: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus.
4 É necessário que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar.
5 Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo
6 Dito isso, cuspiu na terra e, tendo feito lodo com a saliva, aplicou-o aos olhos do cego,
7 dizendo-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que quer dizer Enviado). Ele foi, lavou-se e voltou vendo.

Em sua publicação minha mãe mostrava que apesar de inicialmente estar angustiada com toda a situação que estávamos sofrendo, após a essa leitura sentiu um refrigério na alma. Sabia que Deus estava cuidando da Patrícia. Creu que Ele, o mesmo Deus que havia curado um cego de nascença, entre tantos outros milagres, tem poder para preservar o cérebro da minha irmã e curá-la.
Em cada momento a Graça de Deus mostrava-se intimamente presente

REFERÊNCIAS

João. Português. A BÍBLIA Sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida. 2. ed. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Confiança no cuidado de Deus: orações

Até esse momento não tínhamos contado os fatos acontecidos nem para os parentes, nem para os amigos, pois estávamos aguardando sair o resultado e descobrir do que se tratava o caso dela. No momento que saíram os resultados dos exames e os médicos diagnosticaram que minha irmã tinha sido acometida de um AVC isquêmico, logo foi transmitido a informação à família, parentes, pastores da igreja, irmãos da igreja e amigos, tanto com o intuito de informar o acontecido, mas principalmente para que todos orassem, intercedendo a DEUS pela vida da minha irmã.
Assim, uma grande corrente de oração foi levantada, a qual se espalhou pelas redes sociais. Tínhamos pessoas de vários cantos do Brasil, inclusive igrejas inteiras intercedendo a favor da minha irmã.
Uma grande demonstração de carinho foi dada por uma querida conhecida de meu cunhado que morava em Brasília e atualmente mora em Curitiba. Logo que soube do que ocorreu ela tratou logo de interceder a favor da minha irmã, compartilhou o fato com sua igreja e divulgou pela internet a seguinte mensagem:

Figura 1 - Mensagem no Facebook com pedido de oração com intercessão a DEUS pela vida da minha irmã.
Fonte: Souza, 2013.

A igreja a qual pertencemos logo também divulgou rapidamente informações sobre o acidente. Como dia 1º de maio era uma quarta-feira, dia de reunião de oração e estudo bíblico, os irmãos da igreja que foram ao culto já intercederam pela vida da minha irmã. Do dia 5 de maio, o primeiro domingo após o acidente, o nome dela já constava no boletim da igreja na parte de intercessão pelos irmãos enfermos. Além disso, entendendo que era ocasião própria e adequada, foi estabelecida naquela semana que a igreja estaria em jejum e oração a favor desses irmãos.

Figura 2 - Mensagem no Boletim Dominical estabelecendo semana de jejum e oração a favor dos irmãos enfermos. 
Fonte: 2IPT, 2013.


Então, estava estabelecida uma corrente de intercessão como eu nunca havia visto antes.

REFERÊNCIAS

SEGUNDA IGREJA PRESBITERIANA DE TAGUATINGA. Jejum. Boletim Dominical, Taguatinga, DF, ano 19, n. 1243, 5 maio 2013. Disponível em: < http://www.segundaipt.org.br/img_banners_publicidade/88.pdf>. Acesso em: 27 nov. 2013. 

SOUZA, Lídia. Pedido de oração. Curitiba, 2 maio 2013. Facebook: /lidia.souza.1004. Disponível em: < https://www.facebook.com/photo.php?fbid=672282472801420&id=100000590193088&set=a.102231783139828.5491.100000590193088&_ft_>. Acesso em: 27 nov. 2013.



terça-feira, 26 de novembro de 2013

Confiança no cuidado de Deus: no hospital

Ao saírem os resultados dos exames os médicos diagnosticaram o que minha irmã tinha sofrido prematuramente, aos 30 anos de idade: ela tinha sido acometida de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquêmico. Para compreender do que se trata tem-se uma definição:

AVC é isquêmico quando há uma obstrução da artéria, impedindo a passagem de oxigênio para as células cerebrais, que morrem - essa condição é chamada de isquemia. A diferença do AVC isquêmico para o AVC hemorrágico é o que segundo decorre do rompimento de um vaso, e não de seu entupimento. (TUDO..., 2013).

No caso dela o que ocorreu foi o ressecamento da carótida esquerda. Essa obstrução fez com que ela ficasse sem oxigênio na parte esquerda do cérebro danificando 60% deste lado do cérebro, o que comprometeu a parte motora do lado direito do corpo e a fala.
Geralmente, são as pessoas idosas que são mais atingidas pelo AVC isquêmico, pelo motivo de gordura se acumular na carótida ao longo dos anos e causar o entupimento da artéria, o que não se aplica ao caso da minha irmã. Os médicos dizem que não é comum uma pessoa nova ter esse tipo de acidente. Inicialmente foi levantada a hipótese de que as dores de cabeça que ela estava sentindo poderiam ser sinal e que teriam conduzido ao AVC adicionado à alteração na válvula do coração. Mas logo essa hipótese foi descartada, pelo fato do AVC ser isquêmico. Casos como dor de cabeça e pressão alta estão mais relacionados ao AVC hemorrágico, visto que há o rompimento de um vaso cerebral, ocorrendo um sangramento (hemorragia) em algum ponto do sistema nervoso.
Enfim, somente por meio de uma longa investigação os médicos tentariam descobrir qual seria a causa que levou minha irmã até o AVC. O que não vinha ao caso naquele exato momento, pois o foco e a preocupação maior era cuidar e salvar a vida dela.
Depois do diagnóstico e tendo informado à família do que se tratava, o corpo médico frisou que apesar de constatarem que era um AVC, naquele momento eles não teriam como realizar nenhum procedimento médico. O único procedimento adequado a ser feito era aguardar o organismo dela reagir e monitorar essa reação para que assim, se fosse o caso, interferissem. De acordo com eles quando uma pessoa sofre AVC e é diagnosticado nas primeiras horas o paciente pode

se beneficiar da injeção intravenosa de um medicamento conhecido como fator de ativação tissular de plasminogênio. Esse fator ajuda na dissolução e quebra dos coágulos e deve ser administrado de 4-5 horas após o início do AVC e não pode ser administrado em pacientes com AVC hemorrágico. (TRATAMENTOS..., 2013).

No caso da minha irmã os médicos preferiram não aplicar essa injeção, pois não se sabe ao certo qual foi a hora que minha irmã sofreu o AVC. Sabemos apenas o momento que ela caiu da cama, mas não quando ocorreu o acidente no período da madrugada. De forma que eles preferirem não arriscar. Logo, eles decidiram colocá-la na UTI para que pudesse monitorá-la de forma mais adequada. Ela não precisou de aparelhos para respirar e não foi aplicado nenhum remédio, somente foi introduzido nela o cateter para o soro.
Foi informado à família que as primeiras 48h após o AVC é o momento que o organismo tentará a reagir ao trauma. Nesse momento nós, a família, juntamente aos parentes e amigos, passamos por uma grande prova de paciência para conseguir acalmar e aguardar o corpo dela reagir. Tudo que poderíamos fazer era perseverar na oração.

REFERÊNCIAS

TRATAMENTOS AVC. 2013. Disponível em: <http://www.criasaude.com.br/N11471/doencas/tratamentos-avc.html>. Acesso em: 25 nov. 2013.

TUDO sobre AVC  isquêmico: visão geral: o que é AVC isquêmico? In: Minha vida: saúde, alimentação e bem estar. Disponível em: <http://www.minhavida.com.br/saude/temas/avc-isquemico>. Acesso em: 21 nov. 2013.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Confiança no cuidado de Deus: o encontro

Ao chegar ao portão da casa observamos que a ambulância do SAMU já havia chegado. Meu pai tinha ligado para uma das irmãs do meu cunhado para acompanhar minha irmã na ambulância, pois ela é uma ótima pessoa para cuidar e lidar com essas situações. Quando entramos no portão encontramos com ela, com seu filho mais velho que fora leva-la e com meu pai. A equipe do SAMU já estava no quarto e já tinham colocado minha irmã na maca. Eles fizeram alguns testes para ver seus sinais vitais. Mediram a pressão e verificaram que não estava alterada, estava no normal dela. Minha irmã tomava remédio de pressão já fazem uns nove anos. Ela não era hipertensa, a causa dela tomar remédio de pressão era algo mais simples. Uma das válvulas cardíacas de seu coração não apresenta um fechamento adequado, causando sinais e sintomas de aumento dos batimentos cardíacos, o que acelera o coração e aumenta a pressão sendo assim necessário tomar o remédio, mas nada que comprometesse sua saúde.
Quando chegamos dentro do quarto a cena que nos deparamos foi minha mãe ajoelhada na cama chorando e clamando a Deus. Meu sobrinho estava em cima da cama olhando para minha irmã e dizendo, "Olha! Mamãe doente". Meu cunhado ajudava o SAMU abrindo espaço dos móveis do quarto para que a maca pudesse ser tirada de lá. A cena dela saindo do quarto é a que mais me marcou, o único movimento do corpo que ela fazia era mexer os olhos, um olhar amplo que olhava para todas as direções sem foco. Minha vontade é de que ela estivesse ali olhando para mim e que me escutasse quando eu disse: "Eu te amo muito".
Minha irmã foi levada para o hospital que sempre consultamos, próximo de casa. Acompanhando-a ao hospital foram meu cunhado e sua irmã. Ao chegarem ao hospital, os médicos ao, examinando-a, inicialmente não souberam dizer o que ela tinha e disseram ser necessário fazer vários exames para emitirem um diagnóstico. Enquanto isso, ela ficou em observação na sala de emergência em monitoramento constante. Ela não mudou de reação e continuava somente com os olhos abertos e sem nenhum movimento no corpo. Os médicos não utilizaram de nenhum procedimento enquanto não saiu o resultado dos exames, pois ela respirava normal e os batimentos cardíacos também estavam normais. Na visão da equipe médica o procedimento era aguardar os exames.
Em casa com minha mãe, estávamos apreensivos, porém sempre confiantes de que o Senhor estava no controle de tudo.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Confiança no cuidado de Deus: a notícia

Inicialmente, para contextualizar a respeito da experiência que será relatada é necessário falar um pouco a respeito da minha família. Nasci em um lar cristão. Tanto meus avós paternos quanto os maternos receberam ensinamentos cristãos vindo da Igreja Presbiteriana do Brasil. O núcleo familiar no qual nasci é composto por quatro pessoas: pai, mãe, irmã e eu. Minha irmã é a primogênita, casada a oitos anos e tem um filhinho de três anos. Também sou casada há dois anos e ainda não possuo filhos. Temos um laço de união e harmonia imensa, portanto um dos maiores receios que sempre tive na vida era do momento em que teria que receber uma má notícia sobre a vida de algum familiar. Sempre rondava minha mente a forma como reagiria a perda de alguém tão próximo de mim. Sempre que me pegava pensando nisso intercedia a Deus e pedia que me preparasse para saber lidar com essas situações e me fizesse forte e confiante nEle. De forma que nem podia imaginar que em tão breve receberíamos uma má notícia. Mas apesar do futuro incerto, eu sempre tive no coração a certeza que Deus estava cuidando de tudo.
A experiência que desejo partilhar começa na madrugada do dia 1º de maio de 2013. Por volta da cinco horas da manhã de um feriado recebo a ligação do meu pai. Quando ouvi meu celular tocando e vi que era meu pai me ligando, naquele momento sabia que alguma má notícia receberia, porque meu pai sempre me liga para conversar questões pontuais e, se era numa hora como aquela, eu já deveria preparar meu coração. Antes de atender o telefone já acordei meu marido e disse que meu pai estava ligando e que eu sabia que algo sério estava acontecendo. No momento que atendi o celular o meu pai disse: “filha, sua irmã está passando mal e chamamos o SAMU, se arruma e vem para cá ficar com sua mãe”. Ele somente falou isso e desligou o telefone.
Naquele exato momento eu pensei que ela devia estar sofrendo uma crise forte de enxaqueca, pois a semana toda ela estava sentindo dores de cabeça, junto a outros sintomas. Inclusive ela foi ao médico, que a receitou um atestado por dois dias. Porém, no caso dessas dores ela estava achando muito estranho, pois o histórico familiar que temos de enxaqueca é provocado por algum alimento que ingerimos, o organismo não processa bem e acabamos tendo dores e isso geralmente não ocorre mais de uma vez na semana. Demora às vezes meses para os sintomas retornarem se cuidarmos bem da alimentação e tomarmos algumas precações. O que vem no caso nesse momento é que achei que era uma crise de enxaqueca, mas ao momento que desliguei o telefone processei o que meu pai tinha falado e pensei que se estavam chamando o SAMU era algo muito sério, não seria somente uma simples enxaqueca, pois quando temos enxaqueca nem procuramos o médico, sempre tratamos em casa. Então liguei novamente para meu pai e perguntei com detalhes o aconteceu. Ele explicou que ela caiu da cama e estava sem movimentar o corpo, que estava bem rígido, com a boca cerrada e somente com os olhos aberto, porém sem expressão.
Ao desligar o telefone contei o fato ao meu marido e a primeira reação que tivemos foi orar a Deus. Pedi ao Senhor que colocasse a sua mão de graça sobre a cabeça da minha irmã. Não sabíamos o que tinha acontecido, mas pedi que preservasse e restaurasse a cabeça dela, que nada acontecesse com sua mente e que se ela tivesse alguma lesão, que Ele a restaurasse. Também pedi de coração que eu conseguisse lidar com essa notícia e estivesse preparada para apoiar minha família, principalmente minha mãe, a qual eu sabia era a pessoa que mais precisaria de mim. Levantamos, nos arrumamos em alguns minutos e fomos para casa da minha irmã. Quanto mais me aproximava de encontrá-la, mais eu ficava apreensiva.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Dia de recomeçar

Após um ano e seis meses sem publicar nenhuma reflexão no blog, volto a escrever para continuar a missão que este blog tem de propagar o evangelho, anunciando a Jesus Cristo como único Senhor e Salvador do mundo por intermédio de reflexões que vivifiquem a mente do leitor por meio de versículos bíblicos, músicas, hinos e textos.
Para retomar as reflexões no blog vejo que a publicação mais apropriada e adequada nesse momento é de compartilhar com vocês a experiência que eu, minha família e amigos estamos vivenciando a seis meses e vinte dias. Uma experiência que reflete a plena expressão do amor, cuidado e proteção Divina.
Realizarei um relato contado a experiência em várias postagens. Como introdução quero deixar a mensagem publicada hoje no Devocionário Cada Dia, a qual reflete exatamente a situação que eu e minha família experimentamos alguns meses atrás.

O TEMOR DAS MÁS NOTÍCIAS

“Mas Jesus, sem acudir a tais palavras, disse ao chefe da sinagoga: Não temas, crê somente”Mc 5.36

Jairo era líder de uma sinagoga e respeitado entre seu povo. Uma enfermidade impiedosa colocou suas mãos geladas sobre sua filha única, de apenas doze anos. Nem o dinheiro nem o prestígio de Jairo puderam socorrer sua filha. Então, correu ao encontro de Jesus e suplicou ao Mestre para ir com ele à sua casa.  Seu caso era urgente e sua dor imensa. 
Seu problema era insolúvel, mas Jairo entendia que se Jesus impusesse as mãos sobre sua filha, ela ficaria curada. Quando estavam a caminho, chegou um emissário, dizendo: “Não incomodes mais o Mestre, sua filha morreu”. Essa má notícia fuzilou o coração de Jairo. Jesus, porém, lhe disse: “Não temas, crê somente”. Quando Jesus caminha conosco não precisamos ter medo de más notícias. 
Quando Jesus caminha conosco nossas causas perdidas têm solução. Quando Jesus caminha conosco a fé pode triunfar sobre o medo. Quando Jesus caminha conosco a morte não tem a última palavra. Quando Jesus caminha conosco o choro é substituído pela alegria. Quando Jesus caminha conosco o solo da ressurreição, prevalece sobre o coral da morte.
Ore
Senhor Deus, confesso que tenho muito medo de receber más notícias. Entretanto, eu nunca vou me esquecer da boa notícia de que tu me amas incondicionalmente. Em nome de Jesus. Amém.


REFERÊNCIAS

LOPES, Hernandes Dias. O temor das más notícias. Cada dia, Campinas, v. 33, n. 11, 21 nov. 2013. Disponível em: <http://www.lpc.org.br/cada-dia>. Acesso em: 21 nov. 2013.